Foto retirada da Bodega Cultural
A ENCHENTE
Era a casa de tijolo, à beira do rio,
a melhor do lugar.
Na noite preta como o cão
as águas do rio incharam,
cresceram,
inundaram tudo
e continuaram inchando
e crescendo sem parar...
A casa ficou perdida no meio do rio
como um navio no alto-mar.
Pequeninas e pálidas estrelas
cobriram o rosto com o lenço das nuvens,
com medo de olhar...
- Eh! canoeiro! socorro!
- Se a enchente continuar como vai,
daqui para o dia amanhecer
a casa cai!
E a voz aflita e lúgubre gemia
no silêncio da noite de agonia.
- Socorro, canoeiro!
- Só a canoa "lracema"
Poderá atravessar.
Uma canoa pequena
ainda é pior: pode virar.
...............................................
- Socorro, canoeiro,
- Eh! canoeiro, socorro, socorro!
Chuá. . . chuá. . . chuá...
Os remos atassalham o dorso do rio,
e a canoa, que ginga e se embalança,
rasga as águas,
corta o vento,
rompe a treva,
fura a noite
- e avança!
Da casa que o rio sitiou
parte um grito de alegria que vale um poema!
- É a canoa "lracema"!
- É a canoa "lracema"!
- Afinal, estamos salvos,
por causa de nossa fé.
Viva Nosso Senhor Jesus Cristo!
E viva Nossa Senhora,
Santa Bárbara, São Jerônimo,
São Francisco de Canindé!
Agora, de volta à terra,
conduzindo os que salvou da enchente,
a canoa, que ginga e se embalança,
corta o vento,
rasga as águas,
rompe a treva,
fura a noite
- e avança!
E avança!
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"na noite preta como um cão
ResponderExcluiras águas do rio incharam"
muito bom,izelda.
um abraço.
romério
Querido poeta,
ResponderExcluirque bom te ver por aqui.
Obrigada pela visita e verso.
abraço.
Izelda,
ResponderExcluirParabéns pela postagem.
O nordestino mesmo quando chora suas mágoas, canta bonito a sua dor.
Um abraço,
Dalinha