sábado, 28 de abril de 2007

Porque não falam mais em flores?


Oh lua!
Clareia esse chão
Indica a direção
por onde caminhar
os nossos corações.

Desperta
desejos e paixões
na alma do poeta
que não abandonou
a tua inspiração.

Por que não falam mais em flores,
Por que não cuidam - os jardins,
Será que o amor chegou ao fim?

Por que tamanha intolerância
tão estampada nos jornais,
Será que o amor chegou ao fim?

Oh lua!
Clareia esse chão,
candeia nossos pés
pra não seguir em vão.


Carlinhos Medeiros

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Canción con todos

Salgo a caminar
por la cintura cósmica del sur,
piso en la región,
mas vegetal del viento y de la luz;
siento al caminar
toda la piel de América en mi piel
y anda en mi sangre un río
que libera en mi voz su caudal.

Sol de Alto Perú,
rostro, Bolivia, estaño y soledad,
un verde Brasil,
besa mi Chile, cobre y mineral;
subo desde el sur
hacia la entraña América y total,
pura raíz de un grito
destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas,
todas las manos todas,
toda la sangre puede
ser canción en el viento;
canta conmigo canta,
hermano americano,
libera tu esperanza
con un grito en la voz.

(Letra: A. Tejada Gomez - Música: Cesar Isella)

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Canção com todos


Saio a caminhar
pela cintura cósmica do sul,
ando a região,
mas vegetal do vento e da luz;
sinto ao caminhar
toda a pele da América em minha pele
e anda em meu sangue um rio
que libera em minha voz seu volume.


Sol de Alto Peru,
rosto, Bolívia, estanho e solidão,
um verde Brasil,
beija meu Chile, cobre e mineral;
subo desde o sul
para a entranha América, total,
pura raiz de um grito
destinado a crescer e a Estrondar.


Todas as vozes todas,
todas as mãos todas,
todo o sangue pode
ser canção ao vento;
canta comigo canta,
irmão americano,
libera tua esperança
com um grito em tua voz.

(Tradução: Carlinhos Medeiros)


quinta-feira, 26 de abril de 2007

Barcos de Papel


Quando a chuva cessava e um vento fino
Franzia a tarde tímida e lavada,
Eu saía a brincar, pela calçada,
Nos meus tempos felizes de menino

Fazia, de papel, toda uma armada;
E, estendendo o meu braço pequenino,
Eu soltava os barquinhos, sem destino,
Ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
Que não são barcos de ouro os meus ideais:
São feitos de papel, são como aqueles,

Perfeitamente, exatamente iguais...
- Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!


Guilherme de Almeida

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Soneto ao Cravo


Mando mil abraços fraternais
À nossa pátria língua mãe gentil
Nunca se apague os ideais de abril
Do vosso peito, às lutas sociais

Ao povo irmão de Portugal
Grande lição vós enviaste ao mundo
Lutar com cravos, foi demais profundo
Um golpe duro ao ódio mais mortal

Por isso louvo essa bela data
Tudo passa, mas ela não passa
Está contida em nossa alma, enfim

Foi a coragem desse povo nobre
Que empunhou, para mudar a sorte
Flores e rosas, cravo carmesim


Homenagem ao 25 de abril - Data comemorativa à revolução dos cravos em Portugal.

Carlinhos Medeiros

terça-feira, 24 de abril de 2007

do silêncio que fala

tem dias que calo
não pelas palavras
que me tiraram
e sim
pela saudade dos amigos
que me faltam

calado,
me entrego à lembranças
que dispensam palavras
e giram o moinho de água
dos meus olhos

tem dias que calo
e me digo mais palavras
do que quando falo

calado
reinvento alegrias,
recupero vozes
e dou movimento a imagens
que se perderam no outro lado
das pontes caídas

tem dias que calo
e mesmo assim,
falo

© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Meu Querido Mestre

Meu querido Mestre...


Ensina-me a pensar, mestre.
Ensina-me a pensar e dessa forma,
talvez eu compreenda melhor os “porquês”
da vida, o meu semelhante suas atitudes e limitações.

Ensina-me aonde conseguir a verdadeira sabedoria
para que eu possa aplicá-la em favor daqueles que
não tiveram a oportunidade de conhecê-la, e se a
conheceram, não tiveram humildade suficiente para
usufruí-la em toda sua plenitude...

Ensina-me a sabedoria e acima de tudo,
a tua humildade, mansidão e amor, para que eu não seja
arrogante no momento de transferir os teus conhecimentos
àqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer o azul.

Ensina-me a sabedoria de compreender a voz do silêncio...
a ausência de cores, de amores...
a pronúncia errada, a ortografia, a redundância...

Ensina-me mestre, e te prometo aplicar teus
conhecimentos e dividi-los com quem tem sede de saber,
com muita humildade, amor e paciência, porque seria injustiça da minha parte usar esse teu dom celestial para promover a porfia ou para humilhar meus semelhantes.

Caco Passarinho

domingo, 22 de abril de 2007

O canteiro está molhado

O canteiro está molhado.

Trarei flores do canteiro,

Para cobrir o teu sono.

Dorme, dorme, a chuva desce,

Molha as flores do canteiro.

Noite molhada de chuva,

Sem vento, nem ventania,

Noite de mar e lembranças...


Cecília Meireles

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Via Láctea















"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi , no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi :"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

Olavo Bilac

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Hoje é o dia do índio

ÍNDIO
Caiapós

Esta poesia foi feita da floresta
Admirada por estrelas e pelo luar
Escrita em língua de origem Caiapó
É um idioma que é nosso
É a fala primitiva do Brasil
Canto do povo chamado Caiapó
Canto que se apagou com o canto europeu
A floresta então se escureceu
A poesia tornou-se lágrimas
Lágrimas que inundaram rios
Sonhos que se tornaram choro
Tabas, ocas e índios morreram
Não a carne, e sim por dentro,
Escravizados se tornaram
Estranhos da própria terra
Desconhecidos de si mesmos
Acreditavam na terra que é deles
Ainda são filhos da floresta
Ainda vivem da poesia do mato
Poemas que nascem dos rios
De um povo que brotou das folhas
Que dançam aos deuses em oração
Tentando fugir de todo o vazio
Que derrama sangue todo o dia
Sangue da canção e da poesia
Poesia na língua dos Caiapós
Palavras vindas da alma Tapajós
Estrofes com sabor de guaraná
Esse poema que eu escrevo
São palavras de vida e morte
Quero usar este pleonasmo
“Escrito com minhas próprias mãos”
Pleonasmo que chama a atenção
Atenção para essas mãos
Mãos que nasceram no Brasil
Filhas da mesma terra
Espero que essa poesia não se evapore
Que essas palavras permaneçam aqui
Que essas palavras mantenham vivas
O canto dos povos dos Amazonas
Que nasceram das tabas, ocas e rios
São conhecidos como índios
Filhos legítimos de Guaraci
Também legítimos filhos de Jaci
É povo Tupi-Guarani
Povo que surgiu da floresta
Gente do Amazonas
Povo do Rio Tapajós
Gente da tribo Caiapó.


de Edmar Bernardes da Silva
São Francisco - Califórnia - EUA - por correio eletrônico


A VIDA

A vida são deveres que nós trouxemos pra fazer em casa.

Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada inútil das horas...

Dessa forma eu digo:
não deixe de fazer algo que gosta
devido à falta de tempo.

A única falta que terá, será desse tempo
que infelizmente... não voltará mais.


Mario Quintana

terça-feira, 17 de abril de 2007

Brincando de fotógrafa...risos!





Fotos por: Izelda Maia e Carlinhos Medeiros

DOCE RETORNO














Como é bom voltar pra casa,
E ao chegar, encontrar-te sorrindo.
Como é bom voltar pra casa,
E te abraçar com carinho.

Depois de um dia corrido,
Quero descansar em teus braços .
Ver uma menina
Em teu rosto estampado.

É tão bom tê-la por perto,
Ver-te a cada instante
Ter-te como um tesouro secreto,
Um puro diamante.


Jarrye


Grandes Amigos

Diz uma antiga lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e em um determinado ponto da viagem discutiram. O outro, ofendido, sem nada dizer, escreveu na areia:
HOJE, MEU MELHOR AMIGO BATEU-ME NO ROSTO.
Seguiram viagem e chegaram a um oásis onde resolveram banhar-se. O que havia sido esbofeteado começou a afogar-se sendo salvo pelo amigo.
Ao recuperar-se, pegou um estilete e escreveu numa pedra:
HOJE, MEU MELHOR AMIGO SALVOU-ME A VIDA.
Intrigado, o amigo perguntou:
- Por que depois que te bati, você escreveu na areia e agora escreveu na pedra? Sorrindo, o outro amigo respondeu:
- Quando um grande amigo ofende-nos, devemos escrever na areia, onde o vento do esquecimento e do perdão encarregam-se de apagar; porém, quando nos faz algo grandioso, devemos gravar na pedra, onde vento nenhum do mundo poderá apagar...


autor desconhecido.

Que Maravilha

Lá fora está chovendo
Mas assim mesmo eu vou correndo
Só prá ver o meu amor
Ela vem toda de branco
Toda molhada e despenteada, que maravilha
Que coisa linda que é o meu amor
Por entre bancários, automóveis, ruas e avenidas
Milhões de buzinas tocando sem cessar
Ela vem chegando de branco, meiga e muito tímida
Com a chuva molhando o seu corpo
Que eu vou abraçar
E a gente no meio da rua do mundo
No meio da chuva, a girar, que maravilha
A girar, que maravilha
A girar



Toquinho e Jorge Ben Jor

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Sonho...

Certa vez, tive um sonho diferente
Sobre a vida existente nesse mundo
A ciência como pano de fundo
A justiça agindo plenamente
A riqueza comum a toda gente
O poder sendo fruto da união
Não havia enfim poluição
Natureza pujante florescia
Eu sonhei que nascia um novo dia
Com a luz do amor sobre a razão.


Inácio Neto.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

SONHOS

Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir...
Que se sonhasse a chorar...


Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca... um lamento...


Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte


Despedaçar esses laços!...
...É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços!



Florbela Espanca

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sossega Coração

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.



Fernando Pessoa

Sentença de um poeta

Quando a noite seduz minh'alma triste e a lua

me põe na boca o gosto doce de romã madura,

formosa estrela canta a luz na madrugada escura,

cravando um raio de esperança e paz na minha rua.


De manhã, o sol bate solidão feroz no peito

e uma voz rouca vem com o vento despertar os medos,

me intimida, sufoca, mas lembra que os meus dedos

somam mais que os obstáculos aos quais estou afeito.


E, como que para livrar de toda culpa e pesadelos,

navego a esmo a vida com paixões, canções e aos poucos

transformo em frases os meus últimos fios de cabelo.


Entrego-me corpo e alma aos versos de um poema novo

que espalham pensamentos desvairados, quase loucos...

Sou meu fiel juiz, dito a sentença e logo me absolvo.


© Nathan de Castro

terça-feira, 10 de abril de 2007

Confidências

















Eu fui contar, chorando, as minhas penas
Ao velho mar; e as ondas buliçosas,
Julgando que eu diria essas pequenas
Mágoas comuns ou queixas amorosas,

Não quiseram cessar as cantilenas
Que entoavam nas praias arenosas
Mas, pouco a pouco, imóveis e serenas,
Quedaram todas, por me ouvir ansiosas.

E concluída a narração de tudo,
Mostrou-se o mar (pois nunca tinha ouvido
História igual) sombrio e carrancudo.

Depois, rolando as gemedoras águas,
Pôs-se a chorar também compadecido
Das minhas fundas, dolorosas mágoas.


Pe. Antônio Tomás

DEFESA

Cada alma é um mundo à parte em cada peito...
Nem se conhecem, no auge do transporte,
Os jungidos do vínculo mais forte,
Almas e corpos num casal perfeito:

Dormindo no calor do mesmo leito,
Voltando os corações à mesma sorte,
Consigo levam à velhice e à morte
Um recato de orgulho e de respeito...

Ficam, por toda a vida, as duas vidas
Na mais profunda comunhão estranhas,
No mais completo amor desconhecidas.

E os dois seres, sentindo-se tão perto,
Até num beijo, são duas montanhas
Separadas por léguas de deserto...


Olavo Bilac

segunda-feira, 9 de abril de 2007

CAMINHO II

Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
- Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho

É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.

É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto

Que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.


Camilo Pessanha

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


(Mário Quintana)
Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética"1998.

O AMOR EM PAZ

Eu amei
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você
A
razão de viver
E de amar em paz
E
não sofrer mais
Nunca mais
Pois o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz

(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Fotografias

Retratando o Pé da Serra de Icapuí, cidade pequena de belas paisagens.

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A linda praia de Redonda de Icapuí, litoral leste do Ceará.


Fotos de: Carlinhos Medeiros

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Um dos casarões da Rua Grande na cidade de Aracati - Patrimônio Histórico do Município.


Foto de: Izelda Maia

Mensagem de hoje...!

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas, também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger, já dei risada quando nao podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, más, também já fui rejeitado, fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras eternas, "quebrei a cara", muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só pra escutar uma voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade e tive medo de perder alguém especial e acabei perdendo!

Mas vivi!
E ainda vivo! Não passo pela vida...e você, também não deveria passar.
Vivaaa!!!

Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é MUITO para ser insignificante."

Charles Chaplin


terça-feira, 3 de abril de 2007

A IDADE DE SER FELIZ

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.


Mário Quintana

INOCÊNCIA

O amor é o mais nobre sentimento
Que alguém nesse mundo pode ter
um querer mais profundo que o querer
A bonança dos mares nos tormentos

São as flores se abrindo em buquês
Nas manhãs orvalhadas de setembro
A razão se entregando, obedecendo
Aos desejos sem perguntar "porques"

É um rio que corre para o mar
Enfrentado os percalços sem parar
A procura do seu belo destino

É lembrar com saudade a ausência
Do sorriso mais belo, da inocência
Do passado feliz de um menino

Canto integral do amor

Cegos os olhos, continuarias de qualquer forma,. presente,
surdos os ouvidos, e tua voz seria ainda a minha música,
e eu mudo, ainda assim, seriam tuas as minhas palavras.

Sem pés, te alcançaria a arrastar-me como as águas,
sem braços, te envolveria invisível, como a aragem,
sem sentidos, te sentiria recolhida ao coração como
o rumor do oceano nas grutas e nas conchas.

Sem coração, circularias como a cor em meu sangue,
e sem corpo, estarias nas formas do pensamento
como o perfume no ar.

E eu morto, ainda assim por certo te encontrarias
no arbusto que tivesse suas raizes em meu ser,
- e a flor que desabrochasse murmuraria teu nome.


(Poesia de JG de Araujo Jorge – extraído do livro
Os mais belos poemas que o amor inspirou- 1965)

segunda-feira, 2 de abril de 2007

ANTES DE AMAR-TE...

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio,morto e mudo,
caído,abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua pobreza
de dádivas encheram o outono.



Pablo Neruda

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac

 

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