sábado, 31 de março de 2007

OS VERSOS QUE TE DOU








Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de faze-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.


(Poema de JG de Araújo Jorge
do livro "Meu Céu Interior" – 1934

sexta-feira, 30 de março de 2007

BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres, enfim,
.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,
.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.


Mário Quintana

DO CORAÇÃO DO NORDESTE









Do coração do Nordeste
- coração de fogo, coração de luz -
sai a voz ardente do Ceará,
como se fosse um pedaço de sol,
que canta e que reluz.

É a voz de uma Raça varonil
que traz escrito, no espírito e no sangue,
o capítulo mais belo e mais forte
da história do Brasil.

São páginas de glória e de heroísmo,
onde borbota o sangue vivo dos herais
e o sangue luminoso das idéias,
entre chamas de martírio
e clarões de epopéias!

Esta voz poderosa está cantando
nas ondas límpidas do éter,
com a voz de bronze do jangadeiro cearense
que, sereno e intrépido, a cantar,
dança o bailado da vida e da Morte
por sobre as ondas túrgidas do mar...

Homem do Brasil! homem das Américas!
ouvi:
o coração do Nordeste
está pulsando aqui
- e sempre pulsará -
na voz vibrante da Terra da Luz,
na voz fraterna do Ceará!

Olhai o céu cheio de estrelas:
vede como fulgura o Cruzeiro do Sul
- a cruz erguida pelo próprio Deus
no altar suspenso do infinito azul.

É o símbolo da Paz
que refulge sobre os destinos do Novo Mundo,
como um rútilo brasão.
Que importa que os outros povos, noutras terras,
se falem pela boca do canhão?!

Homem do Brasil! homem das Américas!
escutai! que vos fala um vosso irmão
que põe, na própria voz,
a voz do próprio coração!


Antônio Filgueiras Lima

A DANÇA DO RAIO DE SOL





Lindo, lépido e louro,
ele soltou a janela do meu quarto
e veio manso, de manso, de mansinho,
sobre o tapete, dançando, bailando!

Com prodigalidades de rei mago,
espalhou riqueza em minha sala pobre
e ofertou-me um rútilo tesouro
na salva de ouro
de suas mãos esguias e luminosas.

E eu me deixo ficar na saleta tranqüila
com ares de grão-vizir ou grão-mongol,
vendo, diante de mim,
dançar a dança de Salomé da luz
- meu raio lindo, lépido e louro de sol!


Filgueiras Lima

INTERVALO

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem to disse tão cedo?

Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque o não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?

Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 29 de março de 2007

PARATODOS

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens a vista

O meu pai era paulista
Meu avô pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô baiano
Vou na estrada há muitos anos

Chico Buarque de Holanda

quarta-feira, 28 de março de 2007

Teu sorriso alento

Nada vale mais em mim, do que o teu sorriso alento
Ao despertar, depois do sono ansioso
Em meio às perseguições de um passado vivo
Em nervos à flor da alma, como um zumbi esquecido
Não consigo me entristecer além de meros segundos

Nada é mais reparador, do que o teu sorriso
E nele vejo-te tão suprema, a esperança
A última que se perdeu, e que tanto, tanto
Reluta habitar-me o peito – a sua eterna morada
Um minuto apenas de descanso...
Querer dormir assim, sem hora para acordar...
Em fim... Sem fim...


Carlinhos Medeiros

terça-feira, 27 de março de 2007

ARRIBAÇAO

Quantas léguas percorri
Quanta estrada caminhei
De saudades eu morri
De amor ressuscitei

Nas asas da juriti
Terra sêca, eu debandei
Fui buscar amor em ti
Em
teu rio, eu me banhei

Graças a Icapuí
Que me deu um novo amor
Numa noite enluarada
Coração se apaixonou

Canta...Chora
De felicidade explode...

Canta...Chora
O meu coração bate por ti.


Carlinhos Medeiros

segunda-feira, 26 de março de 2007

A um Poeta

Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afugentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!


Antero de Quental

domingo, 25 de março de 2007

MUNDO INTERIOR

Ouço que a natureza é uma lauda eterna
De pompa, de fulgor, de movimento e lida,
Uma escala de luz, uma escala de vida
De sol à ínfima luzerna.

Ouço que a natureza, - a natureza externa, -
Tem o olhar que namora e o gesto que intimida,
Feiticeira que ceva uma hidra de Lerna
Entre as flores da bela Armida.

E contudo, se fecho os olhos, e mergulho
Dentro de mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo
Em que um mundo mais vasto, armado de outro orgulho,

Rola a vida imortal e o eterno cataclismo,
E, como o outro, guarda em seu âmbito enorme,
Um segredo que atrai, que desafia, - e dorme.


(Machado de Assis)

Ser Poeta (Perdidamente)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


(Florbela Espanca)

quinta-feira, 22 de março de 2007

LAÇO SEM NÓ

Você é sol...
O sol irradia, espalha luz por toda parte,
até mesmo por uma fresta, por menor que seja,
ele entra e faz a sua graça.
Não posso eu, deter o sol a irradiar.

Você é lua...
A lua brilha, desperta os corações,
inspira os poetas e sugere canções.
É beleza infinita que nos faz sonhar.
Não posso eu, deter o luar.

Você é passarinho...
Passarinho, que canta e encanta por onde passa,
natureza perfeita, como o céu e o mar.
Então devo eu, amar, amar e amar...


(Izelda Maia Medeiros)

DEDICATÓRIA

Quero dedicar este soneto às minhas filhas...


COMO UM RIO

Suave segue o rio da minha vida
Seu caminho tranqüilo, às vezes, torto;
Vou descobrindo o amor, em cada porto,
E a solidão, em cada despedida.

Impossível voltar, não há saída;
Devo alcançar, um dia, o mar, sei, morto;
Mas hoje irei sorrir, buscar conforto
Numa alegria eterna e decidida.

Contemplar cada instante, na certeza
De ser toda beleza singular,
E expulsar a tristeza, com ternuras.

Procurar ver no mundo sua riqueza;
Numa loucura, enfim, me apaixonar
Pela grandeza, que há nas criaturas.


Bernardo Trancoso

quarta-feira, 21 de março de 2007

CORDEL - POESIA POPULAR NORDESTINA

GEME E CHORA A NATUREZA...
FESTVERSO 2006

Merlãnio Maia X Menino Poeta

MM:
Meu nome é Merlânio Maia,
Honrado em sua presença!
Cidadão do Universo,
E a poesia é a minha crença!
Poeta menor das eras,
Violeiro das quimeras,
Estes são os traços meus!
Cantador da excelência,
Da grandeza e da ciência
Das coisas que vem de Deus!

MP:
Sou poeta do sertão,
Repentista de lamentos!
Cantando meus sofrimentos,
Coisas do meu coração!
Agradeço a proteção
De Jesus Nosso Senhor,
Que me cobre em seu amor,
Faz do meu verso alegria!
Minha Mãe, Virgem Maria,
Protege este cantador!

MM:
A Humanidade delira
E degenera a ciência.
Abusa da inteligência,
Com seu ódio e sua ira.
Faz do mal a sua lira,
Há tanta ogiva no chão,
Que, unidas, destruirão
Cem planetas com certeza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
De todo animal vivente,
Só nós podemos pensar.
Mas não soubemos usar
Nosso dom sabiamente!
Cada dia mais, a gente
Vem causar destruição.
Com guerra e poluição,
Matamos toda a beleza:
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
No seu imo, a Terra chora,
Vendo a vida se esvair!
E o homem, mau, destruir
Toda a Fauna e toda a Flora!
A ganância só devora,
Mata a mata e seca o chão!
O mar vai virar sertão,
Sertão vai ser chama acesa:
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
Pode se acabar a Terra
Hoje, de várias maneiras,
Tamanhas são as besteiras
Do homem, que faz a guerra!
Faz veneno e moto-serra,
Bota fogo em plantação,
Mata até o próprio irmão
Sempre em busca de riqueza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
Santos Dumont, o inventor,
Não agüentou e morreu!
Só porque o invento seu
Virou arma de terror.
Das asas cai o pavor
Das bombas, cuja explosão
Penetra no coração
Da Terra, qual chama acesa!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
O ar está envenenado,
Os mares pedem clemência!
O homem faz da ciência
O mais terrível pecado!
Aí vem o resultado:
Tamanha desolação.
Depois de tanta agressão,
A terra perde a grandeza,
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
Indústrias poluem rios,
Navios poluem o mar,
Tanto incêndio infesta o ar,
Veneno desce aos baixios!
São grandes os desafios,
A Terra perde o pulmão!
E o homem, já sem razão,
Inda amealha riqueza!...
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
Não só a Fauna e a Flora
Padecem com esse mal!
O progresso industrial
Ao homem também devora.
Entre os povos, já vigora
A lei da desunião.
E essa vil poluição
Nos destrói a gentileza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
Quem herdar este planeta
Herdará dor, sofrimento,
Muita tristeza e lamento,
Tanta sede e a peste preta,
Vírus feitos em proveta,
Doenças em profusão!
Tudo que é mutilação,
Da genética à torpeza!...
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
Por sermos cruéis em vida,
Nossos filhos, nossos netos
Serão herdeiros diretos
De uma Terra destruída!
Depois que for concluída
Nossa vil destruição,
A futura geração
Só nos herdará tristeza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
Morrem os rios, cantando,
Morre a mata, morre o ar,
Morrem os peixes no mar,
Que o plâncton vai se acabando!
O ser humano, ceifando
A vida do seu irmão,
É o demônio da ambição
Buscando a torpe riqueza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
Tsunamis pelo mar,
Terremotos pela terra!
São essas armas de guerra
Que o planeta vai usar
Pra poder nos expulsar
Do seu próprio coração,
Feito um bom cirurgião,
Extirpando uma impureza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MM:
Oh! Grande Mãe, doce Terra,
Não permite aos filhos teus,
Distanciados de Deus,
Virar filhos da guerra!
Nos toma nas mãos e encerra
Chama a força do tufão!
Ensina ao filho malsão
Teu poder e realeza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!

MP:
Terminando, vou dizer
Que só há uma saída:
Temos que mudar de vida,
Pro planeta não morrer!
Vamos deixar de fazer
Guerras e poluição
E tratar o nosso chão
Com carinho e com nobreza!
Geme e chora a Natureza,
Por tanta má criação!


Mote de Seu Ribeiro

terça-feira, 20 de março de 2007

AS VOZES DA NATUREZA






As vozes que nos vêm da natureza
Traduzem sempre um mútuo sentimento.
Cantam as frondes pela voz do vento,
Pelo manancial canta a represa.

Pelas estrelas canta o firmamento
Nas suas grandes noites de beleza.
Cada nota a outra nota vive presa,
É um pensamento de outro pensamento.

Pelas folhas murmura a voz da estrada,
Pelos salgueiros canta a água parada
E o amigo sol, apenas se levanta,

Jogando o manto de ouro ao céu deserto,
Chama as cigarras todas para perto,
Que é na voz das cigarras que ele canta.


Olegário Mariano

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 18 de março de 2007

OS TEUS OLHOS

São teus olhos, a razão da minha existência.
Não fossem por eles, eu não estaria mais aqui
E não contemplaria esse bendito fruto,
Céu de estrelas e planetas - via Láctea.

O sol, perderia o seu brilho não fossem os olhos teus.
A lua, não inspiraria os poetas e dessa forma,
não iluminaria mais o meu chão.
Minhas noites vazias seriam cada vez mais e
mais vazias, e, na solidão desse vazio
certamente eu morreria.

Não fossem teus olhos,
Não existiria a beleza das flores e dos pássaros.
Não existiriam rios e lagos...
e porque existiria o ar,
Não fossem teus olhos para respirá-lo?

Tudo que de mais belo existe
Assim como a vida, e tudo que no mundo há,
São por causa dos teus olhos, para contemplá-los.


Carlinhos Medeiros

sábado, 17 de março de 2007

DIAMANTE

um pássaro
pousado no peito

o carinho nas asas
vale ouro vale prata

não sendo isso não fosse tudo
seria nada a amizade

um pássaro
aninhado dentro


posted by : mario pirata bricadeiro

quarta-feira, 14 de março de 2007

TODO DIA

O amor é todo dia.
Sob a luz do sol,
lhas ternas e vazias
Ou no molhar da chuva,
Nos dilúvios desejos dos teus beijos.

Amor é todo instante:
chega, chamega, abraça, vive
E assim nunca passa, assim,
como passam os dias.

E o sabor nunca se dissipa
obrevivendo a todas as mudança
se a todas as intempéries.

Como uma onda lambendo a areia
O amor é todo instante:
Toca, sente, dança e passeia

E todo dia se alimenta.


Carlinhos Medeiros

sexta-feira, 9 de março de 2007

ANGÚSTIAS

Senhor!
que angústia me causa a maldade dos homens,
dos homens que estão fazendo inveja às feras,
aos lobos, às hienas, às panteras,
pelo ódio, pela sede de sangue que os dominam,
pelos instintos bárbaros que revelam,
matando-se, comendo-se, devorando-se uns aos outros,
como se não tivessem dentro da almaum pouco de Ti,
da tua luz eterna, Senhor!


Filgueiras Lima

quinta-feira, 8 de março de 2007

Hoje...

Ao acordar, deparei-me com esse lindo soneto em homenagem a MULHER, onde o autor a descreve em toda sua plenitude.
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Enígma da criação

Tu és a deusa mãe da humanidade
Da criação és a mais bela musa
Tu és a vida que o universo usa
Para fazer brilhar a eternidade

De puro ouro, até quem sabe a prata
Foste gerada: obra mais perfeita
Por isso mesmo é que tu foste eleita
Para gerar a vida bela e farta

Uma mentira o que me disseram
E eu nem sei por que assim fizeram
Não encontrei escrito nas estélas

Eu desafio o profeta, agora
A me provar antes que passe a hora
Que foste feita de uma vil costela

Carlinhos Medeiros

Minha humilde homenagem a minha doce companheira Izelda
e a todas as
mulheres do Brasil e do Mundo.






O poder da criação




Foto: Carlinhos Medeiros

terça-feira, 6 de março de 2007

Mulher

A cada 8 de março, o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher.
Vejo essa homenagem como o reconhecimento à sua coragem e determinação de lutar por seus ideáis e melhores condições de vida numa sociedade machista e preconceituosa, que infelizmente ainda vivemos em pleno século XXI.
Parabéns para todas as mulheres que ao longo dos anos tem avançado nas conquistas sociais de gênero, apesar das adversidades.

Izelda Maia

Mulheres


Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
creditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.


Pablo Neruda

segunda-feira, 5 de março de 2007

Aracati

Hoje acordei com vontade de homenagear
a cidade de Aracati, que me acolheu...

Uma homenagem em vesos no soneto
de Carlinhos Medeiros, filho dessa terrinha
de belas paisagens...

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MONSÕES

Sopra forte o teu vento norte
Em teus telhados, velhos casarões
Sopra a brisa me trazendo a sorte
Notícias dessa terra das monsões

Tuas cuvianas se traduz:
lamentoum grito ao mar, pedido de socorro
Teus manguezais, carnaubais e morros
Já não suportam mais o sofrimento

Foste tu, terra dos charqueados.
Tuas histórias, pastoris, reizados
Os teus poetas, médicos e loucos

Como esquecer do rio que te corta
Com seu gemido, quase não suporta
Os seu algozes, a matar-te aos poucos


(Carlinhos Medeiros)

sábado, 3 de março de 2007

O Amor Em Paz

Eu amei
E amei ai de mim muito mais
Do que devia amar
E chorei
Ao sentir que iria sofrer
E me desesperar
Foi então
Que da minha infinita tristeza
Aconteceu você
Encontrei em você
A razão de viver
E de amar em paz
E não sofrer mais
Nunca mais
Pois o amor
É a coisa mais triste
Quando se desfaz
O amor é a coisa mais triste
Quando se desfaz


(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 1 de março de 2007

Contornos

Esta poesia é da poetisa portuguesa
Marilia Campos, que além de excelente
fotógrafa, também escreve belas poesias.
Leia e comprove...


contornos

a vida tem contornos
e voltas e ruas e vielas,
nascentes e rios e mares
que desconhecemos.

pensamos ter mapa
se cartas e planos
delineados das voltas
e reviravoltas trocadas

mas não temos.

pensamos ser mestres
e sábios e alquimistas
de acções e reacções
físicas e químicas

mas não somos.

pensamos encontrar
números de variáveis
que se conjugam (magia)
numa equação concreta

mas não encontramos.

a vida tem contornos
e voltas e ruas e vielas,
nascentes e rios e mares
por descobrir, por sentir,
por viver e por sonhar.

não tenhas medo.
mostrengos e mares
vencidos, estrelas
e sóis inventados
são contornos amados
de um futuro imenso.


(c) marília
 

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