quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Poesia...

Poesia é, talvez, a expressão de sentimentos, emocões e sentidos do poeta em relação àquilo que o rodeia. A poesia consegue tornar visível algo abstrato como os sentimentos, em realidades quase palpáveis.
Uma das formas mais representativas da poesia é o lirismo que não é mais do que a expressão do "eu".
É uma arte; é um dom que só alguns possuem. É con seguir fazer chorar a partir de um motivo para rir. É tão somente viver poesia.


E para deslizar nos grãos de areia deste córrego trago hoje a poesia de Cecilia Meireles.


LUA ADVERSA

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


sábado, 14 de novembro de 2009

Há um caminho a percorrer...

-------------

Poema ilustrado
Fonte: Jornal da Poesia - Fenando Pessoa
Música - La Valse des Monstres
Imagens: Imagebank


Como é por dentro outra pessoa




E para refletir no fim de semana, mais uma mensagem deste grande poeta.

"Poema do amigo aprendiz
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."


Fernando Pessoa


-------------

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Esses dias...

Vou caminhando rumo ao córrego,
de areia está cheio os meus olhos.
Não consigo enchergar bem o caminho,
mas sigo em frente, não posso parar.

A todo amanhecer há esperança
renovada, continuo acreditando
que os dias são como lições...
precisamos aprender e ensinar.

É isso mesmo, eu me aventurando a escrever vesos.


Foto: Izelda Maia

---

Mas agora deixo aos que visitam o Córrego de Areia, a verdadeira poesia.
Da nossa incomparável Cora Coralina, o poema:

NÃO SEI...

Não sei... se a vida é curta...

Não sei...
Não sei...

se a vida é curta
ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos
tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar.
---

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

demorei, mas voltei...



Foto: Carlinhos Medeiros



Estou voltando!


Após involuntária e longa ausência, com o coração cheio de saudades, estou voltando...

fiquei durante esses meses sem acessar o Córrego de Areia, a minha janela de interação com a globosfera, e creia, senti falta desse convívio. E apesar de eu não está diariamente neste mundo virtual fiquei com saudades desta gostosa convivência.

Este espaço, que é minha querência, meu cantinho de sonhos e realidade, espaço de poesia, de amizade, interação sadia e coexistência, e me faz muito bem.

Infelizmente sei que a minha assiduidade, talvez não seja como eu gostaria, mas estou feliz de sentir vontade de está aqui. Estou contente por voltar.
Estou com saudades, muitas saudades.


Izelda Maia

terça-feira, 30 de junho de 2009

Poesia nordestina

Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor.


Interprete: Amelinha


Composição: Otacílio Batista / Zé Ramalho



Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos
Menelau, o maior dos espartanos
Venceu Páris, o grande sedutor
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Alexandre figura desumana
Fundador da famosa Alexandria
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa
Mulher nova bonita e carinhosa
Faz um homem gemer sem sentir dor

A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor


---


Zé Ramalho, nome artístico de José Ramalho Neto, (Brejo do Cruz, Paraíba, 3 de outubro de 1949) é um cantor-compositor brasileiro.

O cantor, com sua voz cavernosa, tem uma maneira própria de compor e cantar, misturando ritmos e tendências diversas.

Suas influências musicais são uma mistura de elementos da cultura nordestinaJovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Golden Boys), a sonoridade dos Beatles e a rebeldia de The Rolling Stones, Pink Floyd, Raul Seixas e Alex Luiz e principalmente Bob Dylan. Há elementos da mitologia grega e de histórias em quadrinhos em suas músicas. Esta variedade, que para muitos torna o seu trabalho atemporal, pode ser considerada uma das principais responsáveis pela conquista de diversas gerações.


Otacílio Batista Patriota

Poeta repentista, o mais novo dos três famosos irmãos Batista (além dele, Louro e Dimas), Otacílio Batista Patriota nasceu a 26 de setembro de 1923, na Vila Umburanas, São José do Egito, sertão pernambucano do Alto Pajeú.

Filho de Raimundo Joaquim Patriota e Severina Guedes Patriota, ambos paraibanos, Otacílio participou pela primeira vez de uma cantoria em 1940, durante uma Festa de Reis em sua cidade natal. Daquele dia em diante, nunca mais abandonaria a vida de poeta popular.

Em mais de meio século de repentes, participou de cantorias com celebridades como o Cego Aderaldo e outros. Conquistou vários festivais de cantadores realizados nos estado de Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

---

Entre os folhetos de Cordel que Otacílio publicou estão os seguintes: A Morte do Ex-Governador Dix-Sept Rosado; Versos a Câmara Cascudo; Peleja de Zé Limeira com Zé Mandioca; Peleja do Imperador Pedro II com o Rei Pelé. Todos consagrados junto aos leitores nordestinos.

Otacílio Batista publicou, ainda, vários livros. Entre os quais, destacam-se: Poemas que o Povo Pede; Rir Até Cair de Costas; Poema e Canções; e Antologia Ilustrada dos Cantadores, este último com F. Linhares. Versos de Otacílio foram musicados pelo compositor Zé Ramalho, dando origem à canção “Mulher Nova Bonita e Carinhosa”, gravada inicialmente pela cantora Amelinha e depois pelo próprio Zé Ramalho. A canção foi tema de uma filme brasileiro sobre Lampião, o Rei do Cangaço.

Otacílio Batista Patriota morreu a 05 de agosto de 2003, na cidade de João Pessoa, Paraíba.


---

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Gente nova na globosfera

No Blog, Corpo Meu, Minha Morada
"Sou desejo, sou luz, sou poesia, sou palavras ao vento...Sou grito, sou a busca infinita...Por amor, por justiça...Sou cronópio!"
Laís Teixeira
Uma pessoa muito especial a quem dedico este post.



Laís Teixeira



Gotas de Arco Íris


As lágrimas que deslizam em tua face
Marcam a imensidão de tua sensibilidade,
Homem chora sim!
Chora por dor, por amor, por temor!

Lágrima pura e doce como o orvalho,
Que limpa e adoça toda a história,
Marcada por sentimentos trancados!

SENHORAS...E..SENHORES...
De hoje em diante,
Qualquer sentimento que brote no coração do ser humano,
Deve ser derramado em uma cascata de emoção!
Desaguar no pote de lágrimas, fazendo nascer um arco íris!

Por: Laís Teixeira
---

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Hoje, recebemos "O AMOR" de Carlos Drummond de Andrade.



Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.



O AMOR

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar
por alguns segundos, preste atenção.
Pode ser a pessoa mais
importante
da sua vida.


Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho
intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando
desde o dia
em que nasceu.


Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os
olhos
encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre
vocês.


Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a
vontade
de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou
um
presente divino: o amor.


Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em
troca
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos
valerem mais
que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.


Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira
e a
outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e
enxugá-las
com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em
qualquer momento de sua vida.


Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se
ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente
linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo
encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de
maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...


Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo
assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você ~
preferir morrer
antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou
na sua vida.
É uma dádiva.


Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam
ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não
prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo
acontecer
verdadeiramente.


É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras
do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o
amor.

Carlos Drummond de Andrade

---

sábado, 13 de junho de 2009

Um dia de chuva...







Fotos: Izelda Maia
---

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Uma das maravilhas de Chico Buarque


Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague


Chico Buarque

---

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Um verso poesia de Sonia Schmorantz ao Córrego de Areia

Amizade - amigas - amigos...

---


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Autor: Paulo Santana
---

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Esse, é para ler mais de uma vez...



SONETO DA FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama


Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
---

terça-feira, 19 de maio de 2009

Mario Benedetti, um poeta e tanto!

Poeta Mario Benedetti/Cultura
Mario Benedetti

Mario Benedetti era poeta, escritor e ensaísta. Integrante da Geração de 45, a qual pertencem também Idea Vilariño e Juan Carlos Onetti, entre outros. Considerado um dos principais autores uruguaios, ele iniciou a carreira literária em 1949 e ficou famoso em 1956, ao publicar "Poemas de Oficina", uma de suas obras mais conhecidas. Benedetti escreveu mais de 80 livros de poesia, romances, contos e ensaios, assim como roteiros para cinema. (* Paso de los Toros, 14 de setembro de 1920 - + Montevidéu, 17 de maio de 2009)

Ausencia de Dios

Digamos que te alejas definitivamente
hacia el pozo de olvido que prefieres,
pero la mejor parte de tu espacio,
en realidad la única constante de tu espacio,
quedará para siempre en mí, doliente,
persuadida, frustrada, silenciosa,
quedará en mí tu corazón inerte y sustancial,
tu corazón de una promesa única
en mí que estoy enteramente solo
sobreviviéndote.

Después de ese dolor redondo y eficaz,
pacientemente agrio, de invencible ternura,
ya no importa que use tu insoportable ausencia
ni que me atreva a preguntar si cabes
como siempre en una palabra.

Lo cierto es que ahora ya no estás en mi noche
desgarradoramente idéntica a las otras
que repetí buscándote, rodeándote.
Hay solamente un eco irremediable
de mi voz como niño, esa que no sabía.

Ahora que miedo inútil, qué vergüenza
no tener oración para morder,
no tener fe para clavar las uñas,
no tener nada más que la noche,
saber que Dios se muere, se resbala,
que Dios retrocede con los brazos cerrados,
con los labios cerrados, con la niebla,
como un campanario atrozmente en ruinas
que desandara siglos de ceniza.

Es tarde. Sin embargo yo daría
todos los juramentos y las lluvias,
las paredes con insultos y mimos,
las ventanas de invierno, el mar a veces,
por no tener tu corazón en mí,
tu corazón inevitable y doloroso
en mí que estoy enteramente solo
sobreviviéndote.

[Mario Benedetti]
---

segunda-feira, 11 de maio de 2009

"Só sei que nada sei"

Hoje, apesar do sol brilhante lá fora, parece que o mundo está nublado... não sei, estou melancólica, sei lá. Me sinto um pouco estranha, não sei...!

O pássaro solitário...


A praça sem
movimento...

Não sei...

Esperar?
Talvez...


O que faço?

Um espiral parado!?

É um símbolo, ou um sinal?

Não sei... cansaço? Talvez.


Foto e verso: Izelda Maia
---

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Todo dia é dia de mãe...

"O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho."
Agatha Christie



Historia e origem do dia das Mães

A mais antiga comemoração dos dias das mães e mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.
O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.
Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Howe, autora de "O Hino de Batalha da República".
Mas foi outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a ideia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães.
A ideia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais. Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães.
A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado.
Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.
Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 países adotaram a data.


E agora um poema, aqui, não poderia faltar... córrego de areia, córrego de mãe.


Homenagem às mães


Mãe, amor sincero sem exagero.
Maior que o teu amor, só o amor de Deus...
És uma árvore fecunda, que germina um novo ser.
Teus filhos, mais que frutos, são parte de você...


És capaz de doar a própria vida para salva-los.
E muito não te valorizam...
Quando crescem, de te esquecem.
São poucos, os que reconhecem...


Mas, Deus nunca lhe esquecerá.
E abençoará tudo que fizerdes aos seus...
Peço ao Pai Criador que abençoe você.
Um filho precisa ver o risco que é ser mãe...
Tudo é cirurgia, mas ela aceita com alegria.
O filho que vai nascer...


Obrigado é muito pouco, presente não é tudo.
Mas, o reconhecimento, isso! Sim, é pra valer...
Meus sinceros agradecimentos por este momento.
Maio, mês referente às mães, embora é bom lembrar...
Dia das mães, que alegria é todo dia.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

...quem sabe...

uma rede,

um balanço.

um sonho...

um momento de descanso.


uma luz...

...uma vida.

um caminho à vista.

a porta aberta... Será chegada?
ou quem sabe partida...

Foto e verso: Izelda Maia
---

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Flor Bela, imortal...

"Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar...."
(Florbela Espanca)

Florbela Espanca
Ser Poeta (Perdidamente)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

terça-feira, 14 de abril de 2009

De Querubim Peregrino... lindas flores.

"IKEBANA - FLORES VIVAS PARA OS MEUS AMIGOS" (Maria Faia)

Segundo alguns estudiosos, o acto de colocar flores no altar budista deu origem ao Ikebana (literalmente, flor colocada), atribuindo a sua origem ao monge zen-budista Sem-no-Rikyu, conselheiro do xogum Hideyoshi Toyotomi, que também foi responsável pelo Chadô, cerimônia do chá.
Outros voltam a 607 d.C, quando uma missão diplomática da China introduziu o Ikebana no Japão.

IIkebana (生け花, "flores vivas") é a arte japonesa de arranjos florais, também conhecida como Kado (華道 ou 花道, Kado) — a via das flores.

Ikebana é uma arte floral que teve origem na Índia onde os arranjos eram destinados a Buda, e personalizada na cultura nipônica, pela qual é mais conhecida.

Em constraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor.

Enquanto que os ocidentais tendem a pôr ênfase na quantidade e colorido das cores, dedicando a maior parte da sua atenção à beleza das corolas, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo.

A arte foi desenvolvida de modo a incluir o vaso, caules, folhas e ramos, além das flores.


A estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade.

O Ikebana começou como uma espécie de ritual oferecendo flores feitas em templos budistas no Japão durante o sexto século. Nessas modalidades, tanto as flores e os ramos foram feitos em direcção ao ponto céu como uma indicação de fé.

Um estilo mais sofisticado arranjo de flor, chamada rikka (flores permanentes), apareceu no século XV. O estilo rikka reflecte o esplendor da natureza e da sua exibição. Por exemplo, pinho e ramos simbolizam rochas e pedras, crisântemos e branco simbolizam um pequeno rio ou riacho.

As alterações mais significativas na história do Ikebana tivetam lugar durante o século XV, quando o Muromachi shogun Ashikaga Yoshimasa (1436-1490) governou Japão. Os grandes edifícios e pequenas casas que haviam construído Yoshimasa expressam o seu amor pela simplicidade.

Estas pequenas casas contidas tokonoma, onde as pessoas pudessem colocar objectos de arte e de arranjos florais. Foi durante este período que as regras de Ikebana foram simplificadas, para que pessoas de todas as classes pudessem desfrutar da arte.

Outro acontecimento importante ocorreu no final do século XVI. Um estilo mais simples de arranjo de flores chamado nageire (significando que jogar no interior ou no arremesso) surgiu como parte da cerimônia do chá. De acordo com este estilo, flores são dispostas num vaso natural quanto possível, não importando os materiais que são utilizados. Devido à sua associação com a cerimônia do chá, este estilo também é chamado cha-bana (茶花, literalmente "chá flores").

Em 1890, pouco depois da Restauração Meiji (um período de modernização e ocidentalização do Japão), desenvolveu-se um novo estilo de Ikebana denominado moribana, ou "empilhadas flores-up". Este estilo surgiu em parte devido à introdução de flores ocidentais e em parte devido à ocidentalização do Japão vida.

O moribana estilo, que criou uma nova liberdade em arranjos de flores, é utilizado para uma paisagem ou um jardim cena. É um estilo que pode ser desfrutado onde é exibido e pode ser adaptado para situações formais e informais.

Hoje, o Ikebana é venerado como uma das artes tradicionais do Japão. É praticado em muitas ocasiões como cerimônias e festas.

Fontes: www.culturajaponesa.com.br e Wikipédia-a inciclopédia livre
---

sábado, 11 de abril de 2009

Feliz Páscoa!

O medo e a confusão dominaram aqueles que tinham acreditado no poder do amor.

Eles, que tinham aprendido
a alegria de amar o próximo do Mestre
que se fazia próximo daqueles
de quem ninguém se aproxima:
dos pobres, dos doentes,
das prostitutas,
dos marginalizados e marginalizadas.

O chão se desfez sob seus pés,
a morte os atingiu...

Estranho, porém,
foi que a morte não os matou;
algo extraordinário aconteceu:
os olhos dos amigos e amigas,
que haviam acreditado num mundo
transformado pelo amor,
reconheceram o Mestre esperado
e proclamaram:

Jesus é o Filho de Deus ressuscitado!

E desde então, para eles e para nós,
se coloca como vitória sobre a dor,
opressão e morte,
a certeza da ressurreição.

Alegria, alegria, agora e para sempre. Amém!

Feliz Páscoa!!!

Mensagens de Páscoa
---

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Hoje apresento, o poeta mineiro, José Antonio Jacob.


José Antonio de Souza Jacob
, filho do comerciante Antônio José Jacob e de D. Heloisa de Souza Jacob, nasceu em Juiz de Fora (MG) em 11 de fevereiro de 1950 onde realizou seus primeiros estudos, ingressando em seguida no curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais "Vianna Júnior”.
No final dos anos 70 iniciou-se no jornalismo como redator da Gazeta Comercial, tendo nessa época se aprofundado no estudo de Filosofia e Letras e logo em seguida foi admitido, por concurso, na área de Recursos Humanos da Companhia Telefônica de Minas Gerais, tendo se aposentado do serviço público em 2005. Desde as primeiras letras o menino José Antonio de Souza Jacob foi estimulado a ler poetas, levado pela mão de seu pai, um comerciante que apreciava poesia, especialmente a dos brasileiros e dos portugueses. Entre as leituras de sua adolescência estão poesias de Raul de Leôni, Mário Quintana, Augusto dos Anjos, António Nobre, Cesário Verde, Fernando Pessoa, José Gomes Ferreira e Charles Baudelaire. Da mãe Heloisa herdou a doçura das palavras e a maneira singela de contemplar a vida sem ser alienado. Seu estilo simples e requintado de escrever poesia conquistou grandes poetas e escritores, de sua cidade, de quem passou a desfrutar de convivência contínua, mesmo ainda muito jovem. Por sua perfeição na metrificação e na qualidade poética é considerado por muitos que conhecem sua obra como “um dos mais importantes sonetistas da língua portuguesa na atualidade”. Este juizforano, nascido sob o signo de aquário, recusa-se a escolher seu verso do coração e a participar de escolas e grupos literários, preferindo o sossego da vida bucólica nos arredores de Juiz de Fora. A 27 de abril de 2007 foi condecorado e recebeu a insigne Medalha do Mérito Legislativo, Mérito Excepcional em Poesia, na Câmara Municipal de Juiz de Fora. A 06 de julho de 2007 foi sancionado pelo prefeito de Juiz de Fora o "Título Honorífico de Cidadão Benemérito de Juiz de Fora ao Poeta José Antonio de Souza Jacob", por indicação do vereador Bruno Siqueira, com aprovação unânime da Câmara Municipal.(Fragmentos de texto extraído da Revista Comemorativa dos 154 anos da Câmara Municipal de Juiz de Fora - 2007 )






CASINHA DE BONECA



Um dia ela guardou os seus segredos,

Porque sentiu que o amor ao longe vinha,

Trancou no quarto todos seus brinquedos

E o sonho da boneca e da casinha.


E foi buscar aquilo que não tinha...

No alegre faz-de-conta dos seus dedos

Contou tristezas e chorou sozinha,

Depois sorriu das mágoas e dos medos.


Passou o tempo e ela seguiu a sina,

E assim, com a decência que ilumina,

Também andou por aonde o mal caminha...


Quanta ternura tem essa velhinha,

Que fica no seu quarto de menina

Brincando de boneca e de casinha!


(Jose Antonio Jacob)


 

blogger templates | Make Money Online

Clicky Web Analytics