
Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um poeta, romancista, dramaturgo, contista, jornalista e teatrólogo brasileiro, considerado como o maior nome da literatura brasileira, de forma majoritária entre os estudiosos da área. Sua extensa obra constitui-se de nove romances e nove peças teatrais, 200 contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas.
Aqui uma de suas inúmeras poesias.
Os dois horizontesDous horizonte fecham nossa vida:Um horizonte, — a saudadeDo que não há de voltar;Outro horizonte, — a esperançaDos tempos que hão de chegar;No presente, — sempre escuro, —Vive a alma ambiciosaNa ilusão voluptuosaDo passado e do futuro.Os doces brincos da infânciaSob as asas maternais,O vôo das andorinhas,A onda viva e os rosais.O gozo do amor, sonhadoNum olhar profundo e ardente,Tal é na hora presenteO horizonte do passado.Ou ambição de grandezaQue no espírito calou,Desejo de amor sinceroQue o coração não gozou;Ou um viver calmo e puroÀ alma convalescente,Tal é na hora presenteO horizonte do futuro.No breve correr dos diasSob o azul do céu, — tais sãoLimites no mar da vida:Saudade ou aspiração;Ao nosso espírito ardente,Na avidez do bem sonhado,Nunca o presente é passado,Nunca o futuro é presente.Que cismas, homem? — PerdidoNo mar das recordações,Escuto um eco sentidoDas passadas ilusões.Que buscas, homem? — Procuro,Através da imensidade,Ler a doce realidadeDas ilusões do futuro.Dous horizontes fecham nossa vida.Machado de Assis---