Aqui uma de suas inúmeras poesias.
Os dois horizontes
Dous horizonte fecham nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais.
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? — Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? — Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dous horizontes fecham nossa vida.
Machado de Assis
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Que gratificante ler um pouco deste autor, as vezes conhecer um pouco da história de alguem, dá novo significado ao que escreve.
ResponderExcluirBeijo e boa semana
Sonia,
ResponderExcluirgratificante é tê-la em nossa casa.
Obrigada pela visita e verso feitos ao córrego de poesias.
Seja sempre bem vinda.
abraços.
Que linda poesia de machado, confesso que não conhecia. Conhecia Machado dos seus romances, mas poeta, acho que pouco o conheço. Obrigada pela oportunidade.
ResponderExcluirLinda semana pra você.
abraço
Angela
Izelda,
ResponderExcluirObrigada por trazer Machado mais para pertinho da gente.
Um feliz carnaval e tudo de bom para você.
Beijos,
Dalinha