sábado, 12 de abril de 2008

aqui, mais um poeta...

Este é mais um desconhecido poeta, que ainda não teve a oportunidade de ver sua obra literária publicada. Com seu estilo próprio e peculiar coloca toda sensibilidade de poeta em seus escritos na forma de sonetos, poemas, crônicas e contos.
Carlinhos Medeiros, poeta, músico, cantor e compositor, dono de uma privilegiada voz e de enorme talento. Entretanto, desconhecido do grande público, vive num desses recantos do Brasil, numa cidadezinha do interior do Ceará, no nordeste brasileiro.
Eu particularmente, sou fã número um do seu trabalho, e vou postar aqui algumas de suas poesias.



Teu sorriso alento

Nada vale mais em mim, do que o teu sorriso alento
ao despertar, depois do sono ansioso
em meio às perseguições de um passado vivo
em nervos à flor da pele, como um zumbi perdido
não consigo me entristecer além de meros sonhos

Nada é mais reparador em mim, do que o teu sorriso alento
e nele vejo-te tão suprema, a esperança
a última que se perdeu, e que tanto tanto
reluta habitar-me o peito – a sua eterna morada
um minuto apenas de descanso
querer dormir assim, sem hora para acordar
Enfim, sem fim...

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Nove luas

Encontrei-te de uma forma casual,
com o brilho das safiras que cintilam
nas estrelas, acanhadas que desfilam
tua alma de beleza original

Veio a lua vaidosa confirmar
que você era fruto do amor
entre ela e o sol quase a se pôr
numa noite, namorando junto ao mar

E depois de passado nove luas
entre nuvens e marolas quase nuas
saborosamente branca, a luz nasceu

Teu sorriso, tua pele, tua alma
brilham mais do que a própria estrela d’alva
recompensa dessa dor que Deus me deu.

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A fotografia

Quando me sinto perdido,
julgado culpado, ofendido,
olho a fotografia
e me recordo o tempo que não se foi.

Sol, sorrisos,
e os verdes campos tão floridos.
Vida extensão da vida aonde
brilham as três marias,
tão lindas e saudáveis,
saudosas felizes paisagens.

E você vendo crescê-las,
bem enquadrada,
brilho, contraste, luz,
em cores perfeitas.

Todos os personagens continuam lá
congelados no tempo,
testemunhando em meu favor,
meu amor,
meu sacrifício.

Mas eu sai desfocado,
perdido, arranhado
na fotografia.
do outro lado da máquina
fria, vazia.

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Obrigado, meu amigo

Pela amizade que a mim devotas,
por meus valores que você aumenta,
por meus defeitos que você nem nota,
por minha fé que você alimenta.

Por esta paz que nós nos transmitimos,
pelo silêncio que diz quase tudo,
por este pão de amor que repartimos,
por este olhar que me reprova, mudo.

Pela pureza dos seus sentimentos,
pela presença que em todos os momentos
se faz presente mesmo estando ausente,

Por ficar triste quando estou tristonho,
por rir comigo quando estou risonho,
por ser feliz quando me vê contente.

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Monsões

Sopra forte o teu vento norte
nas ruas tortas, velhos casarões
sopra tua brisa me trazendo a sorte
notícias dessas terras das monsões

Tua cuviana se traduz: lamento
um grito ao mar, pedido de socorro
teus manguezais, carnaubais e morros
já não suportam mais o sofrimento

Foste tu, terra dos charqueados,
tuas histórias, pastoris, reizados
os teus poetas, médicos e loucos

Como esquecer do rio que te corta
com seu gemido quase não suporta
os seus algozes a matar-lhe aos poucos.

Carlinhos Medeiros

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Eu conheço esse POETA?

José Guilherme de Araújo Jorge


Esperança


Não! A gente não morre quando quer,
Inda quando as tristezas nos consomem.
Há sempre luz no olhar de uma mulher
E sangue oculto na intenção de um homem.


Mesmo que o tempo seja apenas dor
E da desilusão se fique prisioneiro.
Vai-se um amor? Depois vem outro amor
Talvez maior do que o primeiro.


Sonho que se afogou na baixa-mar,
De novo há de erguer, cheio de fé,
Que mesmo sem ninguém o suspeitar,
Volta a encher a maré.


Não penses que jamais hás de achar fundo
Nem que entre as tuas mãos não terás outra mão.
Pode a vida matar o sonho e o sol e o mundo,
Mas não nos mata o coração.


(Poesia de Maria Helena,– extraído do livro
Concerto a 4 mãos - de JG de Araujo Jorge - 1959 )


Vejamos um pouco de sua biografia:


Nasceu em 20 de maio de 1914, na Vila de Tarauacá, Estado do Acre. Filho de Salvador Augusto de Araújo Jorge e Zilda Tinoco de Araujo Jorge.

Descendente, pelo lado paterno de tradicional família alagoana, os Araujo Jorge, e pelo lado materno dos Tinocos, dos Caldas e dos Gonçalves, de Campos, Macaé, e S. Fidélis, Estado do Rio.

Passou sua infância no Acre, em Rio Branco, onde fez o curso primário no Grupo Escolar, 7 de Setembro. No Rio , realizou o curso secundário nos Colégios Anglo-Americano e Pedro II Colaborou desde menino na imprensa estudantis. Foi fundador e presidente da Academia de Letras do Internato Pedro II, dessa época, ainda ginasiano, sua primeira colaboração na imprensa adulta: em 1931 viu publicado o seu poema "Ri Palhaço, Ri" no "Correio da Manhã", depois transcrito no "Almanaque Bertand" de 1932.

Em 1932, No Externato Colégio Pedro II, em memorável certame, foi escolhido o " Príncipe dos Poetas", sendo saudado na festa por Coelho Neto, "Príncipe dos prosadores brasileiros" recebendo das mãos da poetisa Ana Amélia, Presidente da Casa do Estudante, como prêmio e homenagem, um livro ofertado por Adalberto Oliveira, então " Príncipe da Poesia Brasileira".

Com irrefreável vocação política, foi candidato a vários cargos públicos. Elegeu-se Deputado Federal em 1970 pela Guanabara, reelegendo-se já para o seu terceiro mandato em 1978 .

Ocupou a vice-liderança do MDB e a presidência da Comissão de Comunicação na Câmara dos Deputados.

Politicamente participou sempre das lutas anti-fascistas, como democrata e socialista. Lutou, ainda estudante, contra o "Estado Novo". Foi preso e perseguido várias vezes durante esse período . Deixou de ser orador de sua turma por estar detido na Vila Militar, sob as ordens do Gal. Newton Cavalcanti, durante todo "estado de guerra" de 1937.

Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra lírica, impregnada de romantismo moderno, mas às vezes, dramático.

Foi um dos poetas mais lidos, e talvez por isto mesmo, o mais combatido do Brasil.

Faleceu em 27 de Janeiro de 1987.

 

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